A Beleza dos Cachos Brasileiros: Uma Herança de Resistência e Identidade
- Juliana Nogueira - Fotógrafa
- 17 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
O Brasil carrega uma pluralidade única quando o assunto é textura de cabelo. Dos fios mais crespos aos cacheados, cada curvatura conta uma história que remonta às nossas raízes africanas. Neste texto, exploramos como os cabelos crespos e cacheados são um símbolo de resistência e conexão ancestral. Juninho destaca os cuidados essenciais para manter a saúde e a beleza desses fios, sem abrir mão da autenticidade. Além disso, aborda como o Loes criou técnicas pioneiras que respeitam as curvaturas naturais e transformam a autoestima de quem sempre acreditou que "não tinha cabelo bom".

O Brasil é o país da diversidade. De norte a sul, encontramos uma pluralidade de tons de pele, texturas de cabelo e expressões culturais que nos tornam únicos. E quando falamos de cabelos crespos e cacheados, estamos falando de algo que vai além da estética: estamos falando de identidade, resistência e ancestralidade.
Durante muito tempo, os fios crespos e cacheados foram invisibilizados, tratados como “difíceis” ou “inadequados”. O que a sociedade dizia ser "padrão" excluía a beleza e a complexidade dessas texturas, criando um ciclo de negação e alisamentos forçados que atingiam gerações inteiras. Juninho Loes, especialista em cabelos com curvatura e co-fundador do Loes, cresceu observando esse cenário e sentiu, desde cedo, a necessidade de mudança.
"Eu sempre digo que cuidar de cabelos crespos e cacheados é entender a nossa história. São fios que contam sobre quem somos, que nos conectam às nossas raízes africanas e à luta de tantas pessoas por reconhecimento. Cada cacho tem uma forma, um movimento e um ritmo próprio. Não tem cabelo 'difícil', tem cabelo que precisa de cuidado e respeito." — Juninho Loes
A missão do Loes, desde o seu início em 2017, é criar um espaço onde cada cliente possa se sentir representado, cuidado e acolhido. Juninho e sua equipe entendem que cabelos crespos e cacheados precisam de atenção especial, com técnicas que respeitem as curvaturas naturais, devolvam saúde aos fios e celebrem a individualidade de cada pessoa. É por isso que o Loes se destaca como referência no mercado.
Além do cuidado técnico, Juninho acredita que a relação com o cabelo é um processo de cura. Para muitas pessoas, redescobrir os cachos naturais é um ato político e um reencontro consigo mesmas. "Quando alguém senta na minha cadeira e me diz que nunca se viu bonita com o cabelo natural, eu vejo ali uma história de opressão, mas também uma oportunidade de transformação. A gente precisa se olhar e se reconhecer, porque a nossa beleza é real, ela existe e precisa ser celebrada."
O Brasil é a maior nação negra fora do continente africano. A herança que carregamos nos cabelos crespos, cacheados e ondulados é um reflexo dessa história. Cada fio é único e carrega em si memórias, ancestralidade e potencial para novas narrativas. A cultura afro-brasileira, tão presente na música, na dança e na arte, também se manifesta na forma como cuidamos, valorizamos e estilizamos nossos cabelos.
No Loes, essa visão é traduzida em serviços personalizados, técnicas exclusivas e um compromisso genuíno com a valorização das curvaturas. Não se trata apenas de "cuidar do cabelo", mas de devolver autoestima, identidade e pertencimento a cada pessoa que passa pelo salão.
"Nossos cachos são resistência, mas também são liberdade. É sobre respeitar o natural, acolher as imperfeições e ver beleza no que é único. Cada cabelo conta uma história, e no Loes, a gente cuida dela com todo o carinho que ela merece." — Juninho Loes
Ao celebrar a diversidade dos fios brasileiros, o Loes reafirma a importância de um olhar especializado, humano e inclusivo. É mais do que um salão. É um movimento que convida cada pessoa a se ver, se reconhecer e se amar. Afinal, como Juninho gosta de dizer: "Nunca foi só cabelo. É sobre quem você é e sobre honrar de onde você veio."

Juninho Loes
Especialista em Curvatura, professor e mentor
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